O Jogo de Queerditch Marsh I: The Boy Who Lived

O Jogo de Queerditch Marsh I

The Boy Who Lived

Quem escreve? E escreve o quê?

Saudações mágicas de um trouxa! Bem... Um trouxa que joga quadribol. Estranho? Você não viu nada. Mesmo.

Bom, vamos lá. Meu nome é Vinícius Mascarenhas e eu sou representante voluntário da Associação Internacional de Quadribol (IQA) no Brasil. Sim, há um grupo que organiza o quadribol no mundo. É claro! Também sou capitão e artilheiro de um time brasileiro desse esporte – os Rio Ravens.

Estou começando essa coluna na Armada Cast graças a Sarah Azevedo, membro do time e colunista / caster deste site. Agradeço-lhe por essa oportunidade e vou me esforçar para merecê-la.

Tratarei aqui de assuntos pertinentes ao quadribol, à IQA, às equipes destacadas no mundo e a alguns aspectos técnicos do jogo em si. Guias para quem quiser montar seu campo e arranjar equipamento decente, entre outras coisas. Conto com o seu apoio para tornar os artigos cada vez mais interessantes. Quem quiser saber mais, formar um time próprio ou participar dos Rio Ravens pode entrar em contato através do e-mail vinicius.mascarenhas@internationalquidditch.org e nos acompanhar no twitter @RioRavens.



O Quadribol dos Bruxos

É provável que você já esteja familiarizado(a) com o que é o quadribol na ficção de J. K. Rowling, se está aqui lendo esse artigo. Mas não custa lembrar.

Joga-se em vassouras voadoras sobre um campo elíptico, idealmente em grama, em times de sete jogadores em campo, nas quatro posições: apanhador, artilheiro, batedor e goleiro.

Cada time tem apenas um apanhador em campo por vez. Ele é responsável por capturar uma bolinha dourada e alada do tamanho de uma noz – o Pomo de Ouro, que é encantado para fugir por quanto tempo puder. Feito isso, o jogo termina e o time cujo apanhador teve sucesso ganha 150 pontos. É muito incomum um time capturar o Pomo e não vencer a partida.

Há três artilheiros e um goleiro de cada time. O dever dos artilheiros é passar uma bola chamada Goles pelos aros do gol do time oponente, que o goleiro defende. Não é muito clara a altura desses aros, mas sabe-se que ficam a vários metros do chão, provavelmente dezenas. Cada gol com a Goles vale 10 pontos. A Goles é encantada para ter uma aderência mais fácil quando segurada, mesmo com uma mão só, e para cair lentamente quando derrubada, como se afundasse em água. É feita de couro e tem o tamanho aproximado de uma bola de vôlei.

Os dois batedores de cada time têm a missão de orientar Balaços – bolas de ferro que voam agressivamente na intenção de nocautear jogadores – para longe de seus companheiros de time e para perto dos oponentes. Têm, como sugere o nome do cargo, bastões semelhantes aos de baseball. Não há penalidade para a violência cometida por um Batedor através de um Balaço, exceto se o alvo for o goleiro e estiver na área do gol.

A quadra é elíptica e tem marcações parecidas com as de um campo de futebol – o círculo no centro, de onde todas as bolas são lançadas, e os setores nas extremidades, onde ficam os aros do gol. A última bola a ser liberada da caixa é a única que não voa por conta própria, a Goles. Seu lançamento sinaliza o início da partida.



A Associação Internacional de Quadribol – IQA

Várias adaptações foram feitas por pessoas sem poderes mágicos – “trouxas” – para tentar dar vida ao quadribol de acordo com as possibilidades da nossa realidade. Em uma delas, jogadores dirigiam motos. Nunca deu certo. Em outra, os Batedores tinham raquetes de tênis e os Balaços eram bolas de tênis, mas os Batedores não podiam tocar nos Balaços com as mãos. Os acidentes em campo envolvendo as raquetes também foram um ponto fraco.

Finalmente, em 2005, estudantes da Universidade de Middlebury, Vermont, Estados Unidos, criaram uma nova versão do jogo. Inspirados por Rowling, como todos os outros, eles formaram times intramurais e brincaram bastante, moldando as primeiras regras e formas de adaptação do esporte. Alexander Manshel foi o primeiro Comissário daquilo que um dia viria a ser a IQA. Ainda informalmente, Alex Benepe assumiu o posto em 2006 e, em 2007, fundou a associação – que, naquela época, era intercolegial, e não internacional. A I Copa Mundial de Quadribol foi logo no primeiro ano da organização (apesar de ainda incluir apenas times estadunidenses). A Copa acontece anualmente desde então.

A Associação Intercolegial de Quadribol cresceu bastante nos anos seguintes. Muitos times foram formados. Alguns voluntários regionais se tornaram diretores; versões e revisões do regulamento foram publicadas; até que, em 2010, a associação admitiu a expansão global que já estava tomando, e se tornou Internacional por definição.



O Quadribol dos Trouxas

Assim ficou conhecido o jogo descrito no regulamento de Xander Manshel e Alex Benepe, fortemente inspirado nos livros de J. K. Rowling. Pouca coisa importante mudou nas versões do regulamento; a maior parte está em detalhes de formatação de texto e organização de ideias.

O que há de intrínseco no quadribol da IQA é basicamente imutável. Comecemos pelas vassouras: em respeito à tradição dos livros e filmes, todos os jogadores devem segurar uma entre suas pernas, como bruxos montados e prontos para decolar – mesmo sabendo que as vassouras não voam na nossa realidade, e ainda considerando o quão ridículo os outros acham e expressam. Não importa: esse é um dos pontos fortes do quadribol da IQA. É assim que deve ser, segundo os fundadores e muitos fãs.

Dito isso, garanto que o pior ainda não passou – na verdade, está longe. Vamos aos Balaços. Incapazes de criar bolas ferozes que voem, usamos bolas de queimado. Os Batedores não usam bastões; ao invés disso, carregam-nos e os arremessam. Ao ser atingido, um jogador deve voltar aos gols do seu lado do campo e passar por trás deles. Só então está liberado para voltar ao jogo.

Quanto ao tão esperado Pomo de Ouro, ele é uma pessoa (normalmente corredor profissional ou lutador / “wrestler”) vestida de amarelo ou dourado, com uma bola de tênis no fundo de uma meia que fica pendurada no short, na parte de trás. Tem carta branca para fazer o que for necessário para evitar que os apanhadores... o apanhem. AGORA o pior passou! Pode ficar tranquilo(a), que a partir daqui o jogo vai ser mais... “pé no chão”, por assim dizer.

Entrarei em detalhes sobre cada tópico desses em edições futuras. Ainda tratarei da quadra, dos aros, das faltas, das exceções de regras especiais, dos uniformes etc. Por enquanto, vamos seguir com os tópicos gerais.



Times no Mundo

Como dito, o quadribol trouxa foi formado na Universidade de Middlebury, Vermont, EUA. No princípio, eram várias equipes dentro da mesma faculdade – o que fez do quadribol naquele estágio um esporte intramural. Mas aquilo foi só o começo. Em 2007, houve o primeiro jogo entre instituições de ensino – Middlebury X Vassar – e foi aí que a IQA (então “Intercolegial”) se formou.

Pouco depois, muitas universidades nos EUA aderiram. Para citar algumas das mais conhecidas no universo quadribolístico: McGill, Tufts, Emerson, Chapel Hill, Chestnut Hill, Harvard e o MIT. Há mais de 600 times só na terra do Tio Sam.

Pelo mundo, há outras equipes, mas não tão divulgadas e integradas, especialmente por causa da distância geográfica. Nos EUA, a “rede” de equipes de quadribol é muito mais forte e expandida. O meu objetivo como embaixador brasileiro da IQA é promover o quadribol no nosso país em larga escala.



Rio Ravens

É o único time brasileiro atualmente registrado na IQA. Ainda estamos em formação; falta pouco para completarmos o equipamento necessário e realmente desejamos continuar e jogar com frequência.

Também apoiamos fortemente a criação de outros times, em qualquer parte do país. Não podemos doar equipamento ou prover patrocínio, mas faremos o que for possível para ajudar com experiência e integração na Associação Internacional de Quadribol. Como representante da IQA no Brasil, fico à disposição.



Informações de contato dos Rio Ravens:

http://rioravens.wordpress.com

http://twitter.com/RioRavens

rio.ravens@gmail.com

E meu e-mail para assuntos gerais do quadribol e da IQA:

vinicius.mascarenhas@internationalquidditch.org



Conclusão da 1ª Edição

Em nome da IQA e dos Rio Ravens, agradeço a todos pela atenção que deram a esse artigo e espero que continuem nos acompanhando nas próximas edições. Há muito o que discutir a respeito do quadribol no mundo, de regras da ficção às adaptações da nossa realidade, de especificações técnicas a estilo.

Daqui a cem anos, quando os estádios estiverem lotados de centenas de milhares de pessoas assistindo à Copa Mundial de Quadribol, vocês saberão que nós estivemos aqui, na gênese.” (Padre Richard Malloy, da Universidade de Chestnut Hill, em entrevista à equipe de notícias da Universidade de Boston)

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